As etapas de criação, planejamento, definição de estratégias são muito importantes em todo empreendimento, seja qual for o setor empresarial: indústria, serviço, agronegócio, educação e até nas artes em geral. Mas essas etapas, por mais bem elaboradas que sejam, podem ter resultados negativos, se não forem concretizadas pela execução com excelência. O pai da moderna gestão empresarial, Peter Drucker, tem uma frase muito famosa que ilustra bem isso: “ A cultura vai comer a estratégia no café da manhã.”
O que Peter Drucker quis dizer com essa frase? Um plano estratégico audacioso, com recursos financeiros adequados, objetivos bem determinados pode ser um fracasso absoluto, se não for compatível com a cultura vigente na organização.
A estratégia é parte importante em qualquer negócio. O problema é que muitas empresas não conseguem colocar em prática seus planos estratégicos. Uma das causas é o desengajamento e a falta de comprometimento dos colaboradores responsáveis pela execução.
Então, quais seriam as principais características de uma execução com excelência para concretizar um plano estratégico bem elaborado?
A primeira característica tem relação com o problema acima mencionado. Na dimensão de sua competência, os colaboradores executores também devem participar do processo de construção dos planos e projetos. A participação nesse processo os motiva a se comprometerem mais com a execução. Por isso que a cultura da empresa tem relação direta com a execução com excelência.
A organização deve cultivar uma cultura que estimule e impulsione o seu capital humano, pois são as pessoas que são detentoras do saber fazer. Uma cultura vivenciada por valores baseados na interação entre todos os envolvidos: líderes, equipes de execução e fornecedores. Uma cultura que valorize a ideia de cooperação e que tenha um propósito bem claro para todos. Uma cultura mais de compartilhamento que de controle, sem menosprezar a importância que o controle e a avaliação quantitativa têm no processo. Pois, segundo Richard Barret, “o poder está não na capacidade de controlar, mas na capacidade de confiar.”
A cultura da empresa que comporta esses elementos e valores, mobiliza e impulsiona a alta performance, através da liberação do potencial humano, vinculando o conhecimento à prática. E a chance de que as estratégias funcionem é muito maior, pois os colaboradores responsáveis pela execução, dotados de eficiência e eficácia, se engajam e se comprometem na concretização do que foi estrategicamente planejado.
Engajados e comprometidos, os colaboradores não terão dificuldade em manter o foco durante todas as etapas da execução. Com foco para executarem as estratégias programadas, não correrão o risco de colocar as aspirações pessoais acima dos objetivos da empresa. E entregarão, no tempo previsto, o que se comprometeram a entregar.
O bom executor, depois de ver uma necessidade, assume essa necessidade como sua, considerando-se responsável por ela. Impulsionado pela cultura da execução com excelência, o colaborador assume fazer sempre o melhor, pois sabe que os diligentes, aqueles que se aplicam com cuidado e presteza na execução de suas tarefas, serão recompensados.
Por estar comprometido com a significância e a excelência, o bom executor faz sempre o que tem que ser feito com proficiência e não apenas o que pedem que ele faça. E nem sempre ele é o que mais fala, pois ao saber ouvir, escolhe estar em companhia dos sábios.
O bom executor se ocupa com aquilo que é construtivo, mesmo quando se encontra no tempo da espera. Porque faz da espera, tempo de crescimento, edificação e aprendizagem.
Segundo a psicóloga Carol Dweck, autora do livro Mindset, as pessoas dotadas da capacidade de execução com excelência, são portadoras do que ela denominou de “growth mindset”, do aprendizado permanente.
Não se consideram prontas, acabadas. Isto é, não possuem uma mentalidade congelada, mas estão num processo de crescimento pessoal e profissional permanente. Essas duas dimensões convergem nos executores com excelência: querem aprender sempre mais e estão cada vez mais comprometidos com os valores e propósitos da cultura organizacional.
Não confiam apenas no seu talento inato, mas com garra, exercício constante e disciplina aprimoram esse talento a cada dia. Dotados da capacidade de aprender a aprender, desenvolvem suas habilidades para analisar a realidade, relacionar dados e informações, interpretar e antecipar cenários, incorporando novos saberes. A busca pelo conhecimento se torna prazerosa, motivada pelo desejo de superação de seus limites, através do exercício constante da atenção, da memória e do ato de pensar.
Mas não ficam apenas no conhecimento teórico, pois também desenvolveram a competência do saber fazer: aplicar o conhecimento com proficiência para resolver problemas e executar as tarefas complexas próprias das organizações empresariais. E porque possuem a capacidade de saber conviver, possuem a percepção do outro, sabem trabalhar em equipe, gerenciar crises, respeitar as diversidades, cooperar na concretização de objetivos comuns e também contribuir para o crescimento pessoal e profissional dos parceiros.
Os colaboradores com as competências acima geralmente também possuem a autonomia, são dotados de senso crítico para dar sugestões, corrigir rumos e aprimorar a execução, sem nunca perder de vista os objetivos maiores da organização. E o mais importante, por pautarem suas ações pelo sentido ético, possuem autocrítica para perceber suas falhas, aprender com elas e, superando-as, dar um salto qualitativo no processo de execução, tendo sempre como meta a excelência.
Por isso que o processo de seleção de novos colaboradores é de suma importância dentro da organização. Seus líderes, em todos os setores, devem buscar colaboradores que em seu perfil, apresentem as características acima mencionadas: capacidade de engajamento, foco, saber fazer o que tem que ser feito, trabalhar em cooperação com seus parceiros e investir permanentemente em seu crescimento pessoal e profissional. As empresas, em sua cultura, devem criar um ambiente de estímulo ao exercício e ao aprendizado da execução com excelência, além de manter em seus quadros os colaboradores que possuem esse perfil. E valorizar, pessoal e profissionalmente, esses profissionais que são superestimados no mercado de trabalho.
“Liderar não é impor, mas despertar nos outros a vontade de fazer.” Esse postulado de Márcio Kuhne é apropriado para conclusão deste texto. A ele acrescentaria o adendo: fazer bem feito, com proficiência e eficácia. Amparada numa cultura organizacional baseada na mobilização do potencial de seus colaboradores, que estimule seu engajamento e comprometimento, com certeza é muito maior a possibilidade de a execução atingir o nível da excelência, concretizar os projetos da empresa e viabilizar as estratégias elaboradas para construir o melhor produto, a fim de satisfazer a expectativa do cliente. Cliente satisfeito deve ser o parâmetro para a medida do sucesso de um projeto e até da organização como um todo. Pois como professou de forma categórica, Peter Drucker, “ a finalidade da empresa é criar um cliente.”